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Saiu mais um volume da Obra Completa de Vitorino Nemésio (Imprensa Nacional e Companhia das Ilhas), este dedicado ao ensaio, e que junta dois livros, Sob os Signos de Agora (1932) e Conhecimento de Poesia (1958). O trabalho de leitor e de crítico fazem de Nemésio, a par de grande romancista – o de Mau Tempo no Canal – e de poeta, uma figura única na nossa literatura do século XX. Não só tem uma voz inconfundível como, também, uma intuição que o leva a escrever coisas maravilhosas. Poderia ter sido o nosso Harold Bloom, se o tivéssemos lido e se ele tivesse podido dialogar com os leitores. Mas o seu talento é um raio de luz onde quer que seja. Vejam só, em 1950, num texto para falar de Sophia de Mello Breyner – começa assim: “Brisas de julho – auras poéticas. De vento na face, se o tempo quedasse! Mas o tempo foge como a estrela fria.” E vai por aí fora, sem medo. Ao ler os críticos de hoje, universitários ou não, noto-lhes um provincianismo letal, além da incapacidade de escrever bem. Ler Nemésio, mesmo como ensaísta, é (vá lá) uma vergonha para a gente de hoje.
Da coluna diária do CM.
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