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A minha tetralogia da poesia chinesa é sobretudo clássica, ou antiga: Qu Yuan (séc. IV aC.), Li Bai, Wang Wei e Bai Juyi (séculos VIII e IX). Não conhecia senão uns versos de Tao Yuanming (viveu de 365 a 427), também conhecido como Tao Qian. Ignorância de aprendiz. Graças ao poeta Manuel Afonso Costa (autor de Seria Sempre Tarde, belo livro que sucede ao relâmpago de Memórias da Casa da China), a Assírio & Alvim publica uma versão portuguesa de Poesia e Prosa: são cem páginas de puro deleite, como se dizia antes. No século IV, quando na Europa apenas dedilhávamos, e mal, Tao Yuanming escrevia versos destes: “Desde há milhares de anos/ que a virtude/ dá lugar à ruína/ a miséria ocupou o coração/ tão ocupados que estão com a fama.” Os poemas são observações acerca do céu e da terra, dos rios e da reclusão (o seu tema central), ou sobre a humildade e a harmonia das coisas (“É preciso gozar o momento que passa.”), mas ter atravessado os tempos até aqui é um milagre a que temos de ficar rendidos: “Quando céu e terra são eternos,/ a vida de um homem/ parece tão curta.” Rendam-se.
Da coluna diária do CM.
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