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Quando era estudante ia de vez em quando (a faculdade era perto e havia uma tarde livre) ver os dois Rembrandt no Museu Gulbenkian (“Palas Atena” e “Retrato de Velho”). Sempre me comoveram – não tanto como a “Ronda da Noite”, ou a “Aula de Anatomia do Dr. Tulp”, entre tantos outros, que só vi mais tarde. Passei vários anos sem regressar a essa paixão de adolescência, até que li as palavras de Damien Hirst, um parolo que passa por génio da “arte contemporânea”, criticando Rembrandt. Revisitar a obra de Rembrandt van Rijn (1606-1669), de quem passam hoje 350 anos sobre a sua morte foi uma espécie de reencontro com a luz e com uma certa aprendizagem da arte de envelhecer. Os seus auto-retratos são o resultado de uma aceitação do tempo, tal como as cenas familiares, quase sempre tristes – mas Rembrandt, tal como quase toda a pintura holandesa, aliás, dedicava especial atenção aos pormenores em trânsito: um fragmento de luz aparecia sempre para iluminar a tela e contar uma história, evocar uma mitologia ou uma derrota. A sua melancolia é-nos tão próxima que não damos por ela.
Da coluna diária do CM.
Não sei se é o desejo de um elevado grau de “educação política e de cidadania” que leva a que um manual de Português do Secundário promova um texto do inefável Yannis Varoufakis (uma luminária, como se sabe) sobre democracia – mas dá uma ideia de como, aos poucos, as pessoas inteligentes desistiram de lutar pelo bom senso e pelo equilíbrio, e foram dizimadas pelo cilindro ideológico que tomou conta de boa parte do ensino no nosso país – que às vezes parece uma escola de propaganda. Mesmo assim, depois de tanta “educação política e de cidadania”, matraqueada diariamente, 21% dos jovens entre os 18 e os 24 anos (segundo a recente sondagem da Católica) declaram que não vão votar no próximo domingo. Não é um resultado brilhante, mas compreende-se: têm péssimos exemplos entre colegas – ao ponto de uma líder da JS ter permitido a publicação de um currículo académico com irregularidades e de declarar que apenas ganhou dinheiro em cargos de confiança partidária (como prémio, teve elogios mimosos e vai ser deputada). Mais uns textos de Varoufakis e a coisa compõe-se. Oremos.
Da coluna diária do CM.
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