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Parte da grande desconfiança que sempre tive em relação à psicanálise desapareceu quando li os textos do próprio Sigmund Freud (1856-1939), o seu fundador. Nunca me interessou o “mecanismo explicativo” engendrado por boa parte dos psicanalistas, nem as derivas esotéricas e francesas que, por culpa minha, tive de ler na faculdade. Mas a descoberta dos textos de Freud mostrou-me um escritor notável, impossível de ler sem acompanhar as suas referências à história da cultura e das religiões. Freud, que morreu há 80 anos, assinalados hoje, é um dos pais do nosso tempo – mostrou-nos que não somos nós o centro da nossa existência, mas que devemos fazer dela uma coisa mais perfeita. Alguns dos seus livros (Moisés e o Monoteísmo, Mal Estar na Civilização ou Para Além do Princípio do Prazer) são o resultado de uma busca genuína do humano e do seu lugar para viver. Os nazis queimaram os seus livros mal chegaram ao poder; Freud (que fugiu para Londres) foi tão irónico que magoa: “É um grande progresso; na Idade Média ter-me-iam queimado a mim.” Os nazis também, mas Freud morreu antes.
Da coluna diária do CM.
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