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A grande surpresa para muitos inteletuais portugueses, quando chegavam ao Brasil (nessa altura, anos 80, o Brasil era muito impopular entre eles), consistia em ouvir falar de Roberto Leal e escutar elogios vindos de pessoas insuspeitas. “Ele não nos representa”, diziam (e juravam ser ele “piroso, excêntrico, popularucho, pimba”, o que quiserem, até porque Roberto Leal nunca quis enganar ninguém, nem fazer-se passar por ilustre). Era mentira: representou, sim. Representou todos os que, como ele, partiram com a família para qualquer lado do mundo para escapar à pobreza de uma aldeia de Trás-os-Montes; representou porque era amado e porque encontrou o seu lugar, junto de milhões de pessoas, a partir do nada e do esforço pessoal. Se o sucesso no Brasil estava garantido, em Portugal Roberto pregou-nos a partida quando, naquele programa “O Útimo a Sair” (RTP), foi capaz de ironizar sobre si mesmo, brincando com a sua pirosice, as suas gafes e as suas manias. Fê-lo como um génio talentoso e sensível. Só um génio podia ter escolhido As Minhas Montanhas para título da sua autobiografia.
Da coluna diária do CM.
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