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Portugal volta a ser Portugal. António Costa percebeu essa saudade tremenda e deu um passo decisivo para a maioria absoluta. Durante uma semana, com o suporte de boa parte da imprensa, o governo dramatizou quanto pôde: militares e polícias na rua, emergência energética, telefonemas aos generais, direito ao abastecimento de gasolina para portugueses em férias, ordem nas ruas e requisição civil, malandros sob controle. Quando a semana começou não havia português previdente que não tivesse o carro atestado, vontade de rever a lei da greve e desejo de espatifar gasolina. Depois de anos de greves na Transtejo e na Soflusa, na CP, STCP e no Metro (lembram-se?), nas escolas e nos hospitais, a grande massa de eleitores agradece o gesto, ainda por cima com o silêncio abnegado dos grevistas de antanho, reunidos à esquerda. Ainda por cima no verão. Como dizia o antigo sociólogo Boaventura Sousa Santos, a greve “joga o jogo da extrema-direita” e os grevistas são “idiotas úteis” quando o governo é de esquerda, como no Chile de Allende. Foi uma semana exemplar e uma lição para todos. Bem feito.
Da coluna diária do CM.
Lembram-se de Rebecca (1940)? De Spellbound, A Casa Encantada (1945)? De O Desconhecido do Norte-Expresso (1951)? De Janela Indiscreta (1954)? De Vertigo, A Mulher Que Viveu Duas Vezes (1958)? De Psico (1960)? De Os Pássaros (1963)? A lista é muito longa – são cerca de cinquenta títulos mas há pelo menos dez filmes de Alfred Hitchcock (nascido britânico, cavalheiro inglês nos EUA a partir de 1940) que podem entrar na galeria da história do cinema como nós o conhecemos e recordamos hoje. Movimentos de câmara, iluminação, ângulos inusitados, fragmentos de um olhar, silêncios que esperam uma banda sonora, um sentido de humor raríssimo – tudo serve para criar suspense, medo, estranheza. Os seus filmes trazem tudo isso como um jogo de peças que parecem nunca encaixar senão na cumplicidade com a nossa surpresa. James Stewart, Grace Kelly, Cary Grant, Kim Novak, Anthony Perkins, James Mason, Gregory Peck, Ingrid Bergman, e muita literatura, compuseram o retrato da sua genialidade. Passam hoje 120 anos (1899-1980) sobre o nascimento de Hitchcock. Ainda não morreu.
Da coluna diária do CM.
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