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O romance Agnes Grey, de Anne Brontë (que agora foi publicado pela Relógio d’Água), tal como Jane Eyre, da sua irmã Charlotte, é uma história romântica sobre o poder das mulheres e a sua experiência de vida, em meados do século XIX. Nenhum deles tem a densidade dramática de O Monte dos Vendavais, de Emily, mas o assunto é outro: a sua releitura ocorreu ao mesmo tempo que soube que 57% das mulheres portuguesas que chegam à universidade escolhem carreiras científicas – e têm um aproveitamento académico muito superior ao dos homens (nos laboratórios de ciência do Vale do Ave, a percentagem de mulheres chega aos 80%). Os números enchem-me de orgulho porque traduzem um crescimento notável não só do poder real das mulheres mas, sobretudo, do papel que ocuparão no futuro – numa sociedade onde (vê-se pela política portuguesa, cada vez mais manhosa) a qualidade dos homens anda pelas ruas da amargura. Esta é a verdadeira revolução tranquila. Sem lugares comuns, quotas e gritaria que esconde debilidades menos visíveis a olho nu. Pode ser que cheguemos a algum lado e que leiam Agnes Grey.
Da coluna diária do CM.
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