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Ontem falei da reedição de Fogo na Noite Escura, de Fernando Namora (na Caminho, que tem reeditado alguns dos seus melhores livros, como Minas de São Francisco e Domingo à Tarde), e lembrei-me de Ferreira de Castro (1896-1974), por quem sempre tive grande ternura. A Cavalo de Ferro está a reeditar a sua obra – e é justo. A Selva (de 1930, traduzido para francês por Blaise Cendrars), bem como Emigrantes (1928), Terra Fria (1934) ou A Lã e a Neve (1947), são monumentos do chamado neo-realismo, de que acaba por ser fundador. Ferreira de Castro não era um autor escolar; ao contrário, fez escola – esteve adiante de outros, talvez por ser mais velho, mas teve a seu favor uma experiência de repórter que o ajudou a compor quadros notáveis de grande humanidade. Conhecia a vida humilde e o sofrimento pessoal, e escapou a ambas as condições; a sua obra ressente-se disso, como uma tentativa amarga de sobrevivência. Apesar do peso dessas obras de componente social, guardo simpatia por Tempestade (1940) e A Curva da Estrada (1950), e sorrio com aquela ingenuidade.
Da coluna diária do CM.
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