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Em França vai haver multas pesadas para quem circule de trotineta elétrica no passeio. Agradeço as graças recebidas; já fazia falta. Por mim, defendo a liberdade de circulação: se as pessoas querem andar na rua de carro, bicicleta, trotineta elétrica, patins em linha, burro de Miranda ou carruagem puxada por dragões de Komodo, estão no seu pleno direito desde que não atrapalhem a vida de peões e de transportes públicos ou arrumem como deve ser o veículo – e cumpram leis de decência ou o código da estrada. O que me irrita supinamente é a soberba dos utilizadores dos novos meios de locomoção quando olham para peões ou automobilistas do alto da sua superioridade moral. Menciono sobretudo os ciclistas vestidos de licra, com óculos escuros e capacetes espaciais ou trotinetistas supostamente elegantes que passeiam como se fossem o Darth Vader a passar revista às tropas, olhando os outros como se fossem gente atrasada e desatualizada que, coitada, ainda precisa de andar a pé ou de carro, de ir para o emprego ou de transportar mercadorias. Às vezes só desejo mesmo é que chova.
Da coluna diária do CM.
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