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Preparamo-nos para “os tempos que hão de vir” — é esta a lei de cada dia. Fazemos algum exercício, forçamos caminhadas, moderamos a preguiça do corpo; vigiamos a hipertensão, o colesterol, o coração; tentamos que a nossa vida seja mais saudável, ludibriando a idade ou as sucessivas perdas. Muitos esforçam-se para lá do razoável, impondo-se disciplina, vigilância médica, alimentação regrada e ar puro. E, de repente, há Iker Casillas. Claro que um enfarte acontece apesar de toda a vigilância, lembrando que a vida está também sujeita à desordem e à sorte e que, por isso, ela nos mostra o muito frágeis que somos. Uma lotaria, lembram-me aqui e ali, ou seja, uma aposta sobre “os tempos que hão-de vir”. O que se pode fazer? Quase nada, quase tudo: viver como se houvesse amanhã (por causa dos que amamos, dos filhos, dos que nos são próximos) mas deixando tudo preparado para o derradeiro aceno. Iker Casillas – um homem belo, feliz, tranquilo, no pleno da idade – mostrou-nos como tudo pode ser tão frágil e tão inesperado. E como a vida deve ser vivida na procura de alguma plenitude.
Da coluna diária do CM.
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