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Um amigo mostrou-me o frontispício de uma edição americana das obras de Kant (1724-1804) onde se lê um aviso: que as opiniões do filósofo sobre raça, género, sexualidade e relações interpessoais são produto do seu tempo e que tudo já mudou entretanto. Claro que apetece mandar prender o editor e deportá-lo para o Ártico. Mas entretanto lembro que passam hoje 500 anos sobre a morte de Leonardo Da Vinci e que mais vale estar prevenido: as opiniões e as realizações de Da Vinci (1452-1519) sobre sexo, género, relações humanas, etnicidade ou religião dizem respeito à passagem do século XV para o século XVI e que o pintor, matemático, escultor, engenheiro, botânico, poeta, gastrónomo, anatomista e arquiteto florentino está fora de moda, deve ser entendido como um produto do seu tempo e não devemos acreditar em tudo o que disse, ou pensou, ou deixou registado. 500 anos depois, Da Vinci é uma excrescência num mundo de patetas e tolos encartados. Tenho medo que esta gente de espalhe o seu vírus e nos faça esquecer que a nossa espécie produziu génios como Da Vinci. Tenho muito medo.
Da coluna diária do CM.
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