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O senhor ministro da Educação tem uma pituitária atrevida. Só isso explica que, ao ouvir um deputado criticar a “ideologia de género”, tenha anunciado que lhe cheirava a naftalina, acorrendo com um poema desse grande reacionário chamado Álvaro de Campos (o “Aviso por causa da moral”) como antídoto. Fez mal. Uma coisa é termos um ministro da educação que gosta de gracejar – outra, diferente, é termos um ministro que, além de gracejar, discute com sensatez e sem sobranceria as coisas que se lhe apresentam. Mesmo que não concordemos com as objeções colocadas pelo deputado Bruno Vitorino em relação à “ideologia de género” (trata-se de “ideologia” e não de ciência), essas questões devem ser colocadas com seriedade e não declaradas aceites com unanimidade, ligeireza e estultícia. É certo que o senhor ministro da Educação tem a seu favor uma maioria política parlamentar, mas isso não lhe garante nem sabedoria nem razão. A escola transformou-se num território de guerrilha e formação ideológica e caberia ao ministro da Educação defender a liberdade dos cidadãos e não fazer tantas graçolas.
Da coluna diária do CM.
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