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A criatividade linguística tem limites? Talvez. Em literatura, o limite é mais vasto – e as suas fronteiras são indefinidas. Mas convém que, na “linguagem oficial”, os incumbentes de certos cargos (do Presidente da República ao diretor das alfândegas ou o secretário de uma associação de bombeiros), não se exprimam nem por sonetos (como, por graçola, Eça sugeria aos políticos de antanho), nem como Odorico Paraguaçu, o personagem de telenovela brasileira. Já tivemos um caso extraordinário e infeliz, o do “inconseguimento” (protagonizado pela segunda figura do Estado na altura, Assunção Esteves); de cada vez que alguém diz “inconseguimento”, desatamos a rir porque se trata de alguém que “desconseguiu” falar corretamente, de acordo com as normas. Ontem, o primeiro-ministro, ao falar da decisão de não construir uma barragem no Alto Tâmega, mencionou a sua “desnecessidade”. A Língua Portuguesa (eu escrevo com maiúsculas, porque ela merece) leva hoje em dia tratos de polé sem necessidade nenhuma. É nestes casos que se pede que o exemplo venha de cima, e em termos que nos tranquilizem.
Da coluna diária do CM.
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