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Há dois anos, com Magris.
Claudio Magris completa hoje 80 anos. Não falo dele por ser uma espécie de “eterno candidato” ao Nobel (aquele prémio que hoje é uma espécie de fancaria para iletrados nórdicos, como se viu), mas por ser um dos grandes pensadores da Europa – além de apaixonado de Portugal. Justamente, escreveu um conto, “O Conde”, sobre a figura do “Duque da Ribeira”, essa personagem incontornável da memória portuense. O seu Danúbio é um belíssimo livro de viagem e uma redescoberta da cultura europeia, único e duradouro. Pensador complexo e prosador simples, clássico e atrevido, nostálgico de “uma Europa dos cafés” (como George Steiner, outro grande mestre), por vezes a obra de Magris recorda-nos que somos um continente flutuante, tanto à deriva como à procura das suas raízes. Este italiano (de Trieste) fascinado pela cultura alemã e pelas línguas europeias, autor de Alfabetos e de Às Cegas, previa há muito que a Europa se transformaria nisto: um lugar envelhecido e tempestuoso – mas o único lugar onde sabemos viver em paz com a nossa ideia de felicidade e a memória dos nossos antepassados.
Da coluna diária do CM.
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