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Conheci Hugo Claus em Antuérpia, a sua cidade natal – emblema da Flandres, terra de pintores (como Brueghel, Rubens, Snyders ou Matsys), grandes tipógrafos (Plantin ou Moretus), músicos, negociantes e lapidadores de diamantes. Claus, ele próprio filho de um tipógrafo, habituado ao cheiro da tinta e do papel impresso, foi um dos grandes escritores europeus do século XX (1929-2008) e autor de um dos mais belos livros sobre a Bélgica e a Europa, A Tristeza dos Belgas (Le Chagrin des Belges) – um romance publicado em Portugal infelizmente sem grande sucesso, e que contribuiu para que o seu nome estivesse quase sempre na lista dos candidatos mais prováveis ao Nobel da literatura. É um gigantesco livro passado durante a II Guerra, um retrato do nacionalismo flamengo e das suas contradições, bem como da nostalgia de um país impossível, sitiado e minúsculo. Há passagens que deviam ser lidas ao som de Jacques Brel. Viveu com Sylvia Kristel, a atriz de Emmanuelle (na sala, em Antuérpia, havia uma cadeira igual à do filme, que eu cobicei). Completaria amanhã 90 anos de solidão belga.
Da coluna diária do CM.
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