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Philip Marlowe, que no cinema foi interpretado por Humphrey Bogard, Robert Mitchum, James Garner, Eliot Gould ou Dick Powell, entre outros, é o detetive criado por Raymond Chandler (1888-1959) para livros como À Beira do Abismo, O Imenso Adeus ou A Dama do Lago. São obras que mudaram o rumo do chamado romance policial (até aí confinado a edições vulgares e desprestigiadas) mas, também, da literatura em geral. Chandler inventou o detetive melancólico, perdedor, cujo heroísmo não é físico, nem arenga como um fanfarrão: é uma espécie de homem perdido entre homens perdidos, capaz de amar mas sabendo que teria de atravessar um deserto cheio de tempestades. O seu génio foi ter compreendido a grande solidão dos anos 40 e 50 da América – e o fim da inocência do pós-guerra. Cineastas como Howard Hawks ou Robert Altman perceberam bem o modo como Raymond Chandler desenhava um mundo em dissolução, dando voz à tristeza e ao humor sem doçura de personagens destinados a nunca perecer. Chandler morreu há exatamente 60 anos, em San Diego, na Califórnia. Como ele há poucos.
Da coluna diária do CM.
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