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A luta pelo Sr. Magalhães.

por FJV, em 11.03.19

A Real Academia de História do país vizinho determinou que a viagem de Magalhães à volta do mundo é totalmente espanhola: “É incontestável a plena e exclusiva espanholidade do empreendimento”, assim termina a declaração, pedida pelo jornal ABC, que reagia à “ilegítima apropriação por parte das autoridades portuguesas da paternidade da expedição”. Há aqui uma parte de verdade: os espanhóis pagaram a viagem, os portugueses tentaram impedi-la; em vida, os espanhóis honraram Magalhães, Portugal chamarou-lhe “renegado” e “traidor”. Episódios da guerra dos oceanos. Outra verdade: toda esta confusão nasceu do orgulho da terra natal de Magalhães em publicitar as origens do seu filho, e do atavismo rudimentar das autoridades ibéricas, que não prepararam as coisas com juízo. E outra ainda, estapafúrdia: como Magalhães era português de origem, logo é o melhor do mundo – e é nosso, caneco; toca a nacionalizá-lo em definitivo. É como marcar um golo com a mão, no último minuto, em fora de jogo e precedido de falta sobre o guarda-redes. O que, sendo ilegal, tem a sua graça – tratando-se de Espanha.

Da coluna diária do CM.

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