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Os jornais anunciaram, com escândalo, que Portugal bateu a Rússia em consumo de álcool (ó Rússia, venham daí esses fígados!). Com a chancela da Organização Mundial de Saúde, esses números foram papagueados por jornalistas consumidores de sumos verdejantes e quinoa orgânica. Fui ver. Não era bem assim: Portugal baixou o consumo de álcool desde 2011. De 14,6 litros por cabeça passámos para 12,3 – a descida mais significativa foi da cerveja, que baixou de 31 para 26% de todo o álcool, sendo que na poderosa Rússia cerca de 40% do álcool consumido é, vá lá, vodka (o nosso nível de consumo de “bebidas brancas” fica-se pelos 9%). Para os parvinhos e moralistas que ficaram combalidos com o nosso “alcoolismo”, beber vodka ou beber cerveja e vinho é a mesma coisa. Não é. Os problemas de saúde devido ao álcool são de 9,3% na Rússia e apenas de 3 aqui. Beber excelentes vinhos e boas cervejas não nos prejudica como os álcoois do norte da Europa, onde caem redondos porque não sabem beber nem conhecem a arte de comer. Assim cai o mito da vitória alcoólica sobre a Rússia. Que pena, ó saudáveis da treta.
Da coluna diária do CM.
Parece que o estádio municipal de Braga, construído para o Euro 2004, começou com um orçamento de 65 milhões e poderá, no total, chegar aos 180. Os deslizes desta natureza aconteceram com outros estádios – que, além do mais, poderão ser demolidos (como o de Aveiro, prodígio de mau gosto) e transformados em outra coisa qualquer. A “indústria de eventos” é de cálculos difíceis e representa um investimento não a fundo perdido, mas a “fundo desconhecido”. A embaixada do rei D. Manuel I ao papa Leão X, em 1514, somou um valor de 500 mil cruzados em oferendas, muito mais do que estava previsto. Foi Leão X que esteve na origem das grandes críticas de Lutero – os fundos portugueses prolongaram o fausto da Roma de então, que vendia indulgências e licenças; foi um negócio discutível, mas mais ou menos claro. Já o dos estádios do Euro 2004 nasceram no período de “dinheiro a rodos” que quatro anos depois terminou em depressão e ficará sempre obscuro. Além do caso da Caixa, o dos estádios continua a atormentar-me. Mas como é conluio com o futebol, trata-se de interesse nacional, não é verdade?
Da coluna diária do CM.
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