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© Fotografia do editor João Rodrigues.
Poeta maravilhoso – de “tom menor”, talvez –, poeta de pequenos instantes e de grandes recordações, sem épica nem pompa, desmontando verso sobre verso os grandes mitos da própria poesia. Fernando Assis Pacheco (1937-1995) começou por escrever nos anos sessenta (1963, Cuidar dos Vivos) sobre a guerra colonial (1972, Catalabanza, Quilolo e Volta e seguintes), até chegar ao grande momento de Variações em Sousa (1987), onde a grande melancolia se cruza com a ironia amarga, os repentes de uma vida dedicada a observar os outros – e o mundo que nunca passa: os pirilampos de Pardilhó, a família, o bairro, a herança galega, o trabalho de jornalista, a relação com a literatura, a marca anti-romântica. Uma poesia assim passou ao lado dos crepúsculos, tanto como dos empertigados: quase como se não fosse. Reunida agora, de novo (já teve várias edições anteriores, desde 1991), essa poesia que nos faz rir e chorar está em A Musa Irregular, organizada por Abel Barros Baptista, com um posfácio de Manuel Gusmão (edição Tinta da China). É bom ver regressar o Assis às livrarias, caramba.
Da coluna diária do CM.
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