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A história da Venezuela é triste e mostra como aquele miserável populismo caudilhista destruiu o país. Assisti uma vez a um sermão dominical de Hugo Chávez e bastou-me, porque tinha visitado supermercados vazios, bairros pobres das colinas de La Guaira, chantagem na obtenção dos cartões de saúde (“Se não és do partido, não tens.”), perseguição aos comerciantes, repressão nas escolas e nas ruas, criação de uma burguesia bolivariana (a “boliburguesía”) arrogante e protegida pelos militares (comprados a peso de ouro), e de uma apertada vigilância política entregue a oficiais cubanos – o retrato não bastou para parte da esquerda portuguesa e europeia. Depois de falhadas as revoluções na Europa, toca a apoiá-las na América Latina, onde os filósofos do século XVIII tinham visto o “bom selvagem” e os patetas do século XX queriam plantar o “bom revolucionário”. Mas nem com o retrato do desastre, da repressão e da loucura de Maduro essa esquerda deixa de festejar, publicamente ou não, a “revolução bolivariana”. Não lhes dói; é tudo lá longe dos gabinetes da universidade ou do parlamento.
Da coluna diária do CM.
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