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Os problemas “de violência” gerados na última semana merecem alguma reflexão para além da condenação. Em primeiro lugar, pelo seu aproveitamento político, porque convém muito à extrema-direita e à extrema-esquerda terem o “voto das ruas” expressos por bandos de adolescentes que queimam eco-pontos e atiram pedras à polícia ou aos carros de bombeiros – cada um quer os seus “coletes amarelos” a ocupar os média. Em segundo lugar, porque expõem a ferida aberta num país que gerou semi-favelas onde fervem a pobreza, a falta de Estado e a formação de guetos onde se alojam portugueses de origem africana. O racismo é uma reação desprezível e devemos condená-lo; infelizmente, ele floresce tanto com a pobreza como com a falta de educação e de humanidade (e não nas elites urbanas que evocam o seu ‘tom de pele’). É importante que a negritude (um conceito a revisitar) seja também uma das marcas da identidade portuguesa. Pretos ou brancos – são portugueses. E amarelos. Só dessa forma o Estado pode exigir o cumprimento da lei. Colorir Portugal é uma obrigação moral e política.
Da coluna diária do CM.
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