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Vitorino Nemésio começou a escrever o romance Mau Tempo no Canal em Bruxelas, a 17 de janeiro de 1838, passaram ontem 81 anos (terminou-o em 1944, ano que foi publicado). É o último dos grandes romances portugueses – mesmo se, depois dele, houve títulos como A Casa Grande de Romarigães, de Aquilino, Sinais de Fogo, de Jorge de Sena, O Delfim, de José Cardoso Pires, Os Meninos de Oiro, de Agustina Bessa-Luís, Para Sempre, de Vergílio Ferreira, ou Manual dos Inquisidores, de António Lobo Antunes. A galeria de personagens de Mau Tempo no Canal é grandiosa; as paisagens e os momentos dramáticos são irrepetíveis; Margarida Clark Dulmo, a personagem principal, entra na eternidade da nossa literatura pela porta maior, como uma meteorologia resgatada para nosso deleite e melancolia. Nunca mais houve, até agora, romance como este – uma ventania de beleza que vem dos Açores e nos arrebata até ao fim, com os seus momentos de tragédia e perfeição. Devia ser lido e estudado nas escolas. Ter-se-iam evitado muitos maus escritores. E criado mais leitores.
Da coluna diária do CM.
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