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Devemos defender-nos das ameaças do Maligno. Ontem, enquanto lia as reações disparatadas a um anúncio da Gilette (no qual a marca de lâminas de barbear insiste que se pode ser homem sem se ser idiota ou alarve), deparei com as regras de uma empresa do “ramo cinematográfico” para o comportamento dos seus funcionários, a Netflix – uma delas dizia respeito ao ‘namorico e era simples: não namoriques. Não me parece mal; uma empresa é uma empresa. Outra, porém, é decisiva para falarmos dos tempos que correm: não olhes para ninguém mais do que cinco segundos e não dês abraços. Devemos defender-nos dos abraços e dos embaraços do Maligno – evidentemente –, mas já me parece um abuso decretar que olhar nos olhos outra pessoa do sexo oposto (sou pessoa antiga, ainda escrevo “sexo oposto” em vez de “género diferente”) pode levar a abuso e a assédio. Olhemos para o chão. Olhemos para as unhas. Do outro lado há uma ameaça latente e nós (todos nós) somos seres despertos para a inconveniência, incapazes de resistir à brutalidade e à devassidão. Mais ou menos isto; um mundo de doidos.
Da coluna diária do CM.
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