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Porque é que o Estado falha? Porque dedica parte do seu esforço a lidar com coisas que não têm a ver com as suas funções – e esquece uma das essenciais: estar presente onde é mais necessário. Veja-se a questão do frio. Todos os anos as tvs alertam, com a Proteção Civil, para as ‘vagas de frio’. Para quem já viveu em países moderadamente frios, a questão tem graça. As temperaturas em Portugal não ultrapassam os cinco ou seis negativos, tirando casos excecionais. O problema não está na ‘vagas de frio’ mas na forma como julgamos ser um país de ‘clima temperado’; em segundo lugar, como o Estado deixou que “a construção” enriquecesse vendendo casas mal preparadas para as oscilações de temperatura, húmidas, com maus acabamentos, sem aquecimento, escoamento de lixo, sem jardins ou qualidade de acessos. Desde os anos setenta até hoje, os mais pobres de nós têm mais acesso a casa – mas grande percentagem dessas casas é má ou degrada-se facilmente. É mais fácil ‘protestar’ contra a vaga de frio (porque não depende de nós) do que contra casas mal construídas. Sim, o Estado falhou.
Da coluna diária do CM.
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