A deputada Joana Mortágua assinalou anteontem no Twitter dois eventos paralelos: o início do ano e o fim do Brasil. Determinar que um país com a história — épica e rocambolesca — do Brasil pode “terminar” desta forma abrupta depois da eleição democrática de um presidente da República, é um manifesto exagero literário. Não vale a pena debater as razões que levaram à eleição de Bolsonaro, um fanfarrão que, mesmo assim, foi escolhido como um mal menor depois de a corrupção e a degradação da vida quotidiana tomarem proporções quase trágicas. Daqui a cinco anos, ou Bolsonaro estará em vias de ser corrido (como espero), ou — para Joana Mortágua — alguma coisa falhou de novo. Ora, “o fim do Brasil” pode bem ser o título de uma comédia com vários anos de palco, e uma das explicações pode ter a ver com a ausência de um sector moderado forte, esclarecido e pouco permeável ao populismo, representado pelo bolsonarismo (que, no meio de algumas propostas patetas, ainda não sabemos como se sairá) ou pelo lulismo (que conduziu o Brasil a um crescimento negativo em tudo exceto na corrupção).
Da coluna diária do CM.