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Amos Oz (que morreu na passada sexta-feira, aos 79 anos) era um homem tranquilo, amável, luminoso. Mas era também israelita – o que fez dele um marginal e um pecador aos olhos dos patetas. No entanto, há poucos romances autobiográficos com a complexidade e a beleza de Uma História de Amor e Trevas; e livros como Judas (o pano de fundo é a visão de Cristo aos olhos dos judeus, e o aparecimento da figura maldita de Judas Escariotes), A Caixa Negra, Cenas da Vida da Aldeia ou A Terceira Condição, publicados em Portugal pela D. Quixote, são romances admiráveis sobre a intranquilidade, a memória e a perturbação humanas. Nos ensaios Contra o Fanatismo e Caros Fanáticos, Amos Oz combate os fantasmas que assolam o Médio Oriente, mas também a sociedade ocidental, que não aprende grande coisa com os fanatismos políticos, que venera – e são testemunhos de um observador atento e humanista maravilhoso. Alguma imprensa tratou a morte de Oz como se ele fosse apenas um “ativista” pela paz, deixando em segundo lugar as suas qualidades como grande e notável escritor. É uma pena.
Da coluna diária do CM.
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