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Bolo-rei, sempre.

por FJV, em 26.12.18

Se há instituição cuja vida merece ser prolongada nesta quadra, além da do bacalhau — é a do bolo-rei. Nos últimos anos, bandos de pessoas vagamente ilustradas, cheias de boas intenções nutricionais e com pouca noção das coisas, têm vindo a promover o “bolo-rainha”, uma espécie de bolo-rei sem aquilo que constitui a excentricidade, a falta de regras nutricionais e a explosão de euforias do propriamente dito: os açúcares, as frutas cristalizadas e as pinceladas de glúten. Sim, o bolo-rei não é tão “saudável” como um bolo de milho sem açúcar. Ora, o bolo-rainha é um bolo de frutos secos, que até podia ser de quinoa ou farinha de espelta, e nada obsta a que seja servido em secções de dietética; pelo contrário, o bolo-rei é a apoteose dos sentidos doces, com artifícios, cores e tradição. Há duas casas (a Garrett, no Estoril, e a Petúlia, no Porto) que me abastecem de bolo-rei ao longo de todo o ano. Conservador como sou, assusta-me que as “boas práticas alimentares” sacrifiquem um dos nossos emblemas mais tradicionais. É assim que as nações começam a perder-se. Depois queixem-se.

Da coluna diária do CM.

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