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As declarações do Presidente da República, anteontem, são das mais importantes do seu mandato. A chamada classe política incumbente não se incomodou por aí além, e compreende-se, porque o PR fala com uma frequência exagerada, comentando quase todos os assuntos e aparecendo em todos os lugares, o que é um mimo para os alvos das críticas. Seja como for, o Presidente disse o essencial: que o Estado (para o qual todos contribuímos e que nos suga o que puder), falhou em Pedrógão, em Tancos, nos hospitais (veja-se o escândalo da ala pediátrica do S. João), em Borba e em Baltar – e que isso gera uma sensação de desconfiança, de desconforto e de incerteza. Veja-se Tancos: ao fim de um ano e meio, ainda não há conclusões definitivas. Veja-se Pedrógão: só diante da lista trágica de mortos o Estado assumiu algumas responsabilidades (a capa do CM de ontem é uma imagem dolorosa). As pessoas sabem que o governo não é responsável pelas calamidades; mas (ironia!) o Estado, que se julga senhor de tudo, sacode a água do capote antes de perceber que não foi em cima dele que choveu. Foi de nós. É sempre.
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