Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



Pedro Mexia.

por FJV, em 14.11.18

É uma poesia esquecida, a de Pedro Mexia – e tão recente. O próprio autor facilita esse esquecimento, mas é uma injustiça. De Duplo Império (1999) a Uma Vez Que Tudo se Perdeu (2015), vai um programa inteiro, como um plano de reflorestação do próprio deserto. Até a sua invocação de Ruy Belo neste poema que resume o seu lugar no mundo: “Vencido do catolicismo, sem plural/ que me conforte ou confronte,/ sem o ombro gratuito, conveniente,/ de uma geração que me console.” Os poemas de Pedro Mexia, além desta herança, ecoam a uma autobiografia sentimental em estado de permanente catástrofe – mas também às observações minuciosas do mundo dos domingos urbanos, das ruas desertas, dos desencontros ocasionais, dos poetas igualmente vencidos (que Eliot e Outras Observações, de 2003, melhor transcreve), de uma desilusão sem mágoa, apenas melancólica. Na sua geração, ninguém como Mexia soube conciliar essa melancolia com a auto-ironia, evitando comiseração e egocentrismo. Os Poemas Escolhidos (Tinta-da-China) agora publicados são uma das melhores coisas deste outono. Tirando o outono.

Autoria e outros dados (tags, etc)



Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.