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É evidente que todos rimos um pouco da forma como Pedro Filipe Soares, o dirigente do Bloco de Esquerda, se dirige aos seus companheiros de partido (durante a convenção do fim de semana passado): “Pois é, camaradas e camarados...” Claro que é um lapso desculpável, sejamos generosos. Vem do “portuguesas e portugueses”, do “companheiras e companheiros”, “cidadãs e cidadãos”. No tempo em que me indignava com erros de Português, ouvi “estudantas e estudantes” (era uma professora em lides políticas), tal como acho cómico e ridículo “presidentas e presidentes” – e, um dia, ouviremos “palermas e palermos” tal como, em Espanha (onde o delírio da tontice atinge níveis estratosféricos, como de costume), uma dirigente política se dirigiu à audiência tartamudeando “miembros y miembras”. Pedro Filipe Soares deu conta do lapso, corrigiu para “camaradas e camaradas”, a audiência aplaudiu o lapso e o seu reconhecimento, e tudo seguiria em frente se o líder do grupo parlamentar do BE não tivesse acrescentado “a linguagem inclusiva tem destas coisas”. Incluindo o bom e o mau português. Ora, a “inclusividade” há de levar-nos a todos e a todas, a enfrentar as pessoas que não se reconhecem na relação binária de género. E então como faremos? Até amanhã, “camarades”.
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