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O resultado das eleições de ontem no Brasil só daqui a algum tempo pode ser compreendido em toda a sua extensão. Mas ele resulta de uma derrota da política ou, pelo menos, da transformação da política num combate identitário. Não passa pela cabeça de ninguém que oitenta milhões de brasileiros sejam “fascistas” e tenham desejado votar num idiota, da mesma forma que mais de metade dos votantes de Haddad votou nele para não permitir a eleição de Bolsonaro, e não para se associar ao bando que, nos últimos anos, tem destruído o Brasil. O país não voltará a ser o mesmo até que os moderados possam ter uma oportunidade. Até lá, o combate (e a guerra sem quartel e sem regras) será, não entre políticas diferentes, mas entre identidades opostas. A semente deste mal foi a corrupção que minou toda a autoridade e credibilidade do Estado. Os intelectuais, que têm mais voz, mais protagonismo, não compreenderam — como de costume — a invisibilidade destes dois mundos que se opõem no Brasil. Tal como nos EUA, proíbem a palavra ‘nigger’(preto) mas chamam ‘redneck’(pacóvios) aos votantes de Trump.
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