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A forma como lidamos com as tragédias é controversa: tanto esperamos que elas venham, como nos escandalizamos com a atenção que lhes dedicamos – como, finalmente, as valorizamos e desvalorizamos consoante a sua “oportunidade”. Esperava-se que o furacão Leslie (já em regime de “tempestade tropical”) chegasse a Lisboa sob os holofotes das televisões e a atenção da imprensa. A verdade é que, mal as televisões e a imprensa saltaram para a rua, surgiram acusações de alarmismo. No entanto, as imagens mais dramáticas não vieram de Lisboa nem do Porto – mas da Figueira da Foz, de Coimbra ou de Aveiro, porque as tempestades não têm palco reservado. O dia seguinte revelou o costume: os estragos, os dramas, as queixas. Sou suspeito, mas o rasto de destruição seria ampliado caso o Leslie tivesse “escolhido” passar mesmo por Lisboa, onde teria mais atenção, em vez de ter espalhado a destruição em Soure ou na Figueira, terras simpáticas mas com glamour relativo nesta matéria. O Presidente da República esperou até ao almoço de ontem para aparecer. Imagino se tivesse sido em Bragança, vá lá.
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