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O que foram fazer os senhores deputados a Serralves?

por FJV, em 10.10.18

O que foram fazer os senhores deputados a Serralves? A resposta é fácil: foram, em fila e organizados, ver as fotografias de Robert Mapplethorpe, com um de dois propósitos – ou verificar se houve censura por parte da administração de Serralves aos desejos do senhor curador; ou – malandrice – apreciar as obras do fotógrafo americano. Convenhamos que nenhuma das coisas deve ter sido feita. Ver uma exposição requer, digamos, predisposição, tranquilidade, disposição e até anonimato; sentamo-nos diante de uma peça (embora os museus contemporâneos, em geral, não gostem de assentos), submetemo-nos à luz, ao silêncio – contemplamos. Não acredito que os senhores deputados tivessem tempo, disposição e ausência de câmaras para cumprir estes desígnios. Quanto à censura, bom, as obras estavam lá, e não me parece que a sua contemplação esclarecesse os representantes da nação em relação à censura. Nem precisavam (vários representantes dos sindicatos de curadores já tinham decidido que houve censura). Quem sai beneficiada é a exposição. A gritaria fez-lhe imensa publicidade. Continuem.

 

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Saramago não sei quantos anos depois.

por FJV, em 10.10.18

O presidente da República falou ontem sobre a sua relação com José Saramago e abordou o chamado “caso Sousa Lara” – quando este, então subsecretário de Estado da Cultura, vetou o nome de Saramago (com o romance O Evangelho Segundo Jesus Cristo) como candidato português a um prémio europeu de literatura. Fez bem Marcelo Rebelo de Sousa em lembrar o episódio de 1992, seis anos antes do Nobel: foi um acontecimento perfeitamente dispensável, que então já não era do nosso tempo. Mas é bom recordá-lo por outro motivo – porque traduz bem o tipo de imbecilidades que se produzem quando o Estado tem uma política ideológica ou de gosto para a área da cultura. Não cabe ao Estado, como um “comissário”, dizer “o que é português” (foi esse o argumento usado), o que “nos representa”, o que é ideológica ou politicamente correto, o que é “ofensivo”, ou o que está ou não “do lado certo” da História. É por isso, já agora, que o Estado não deve meter-se no “caso de Serralves” – como pretendem algumas vozes, saudosas de uma intervenção amiga e, para todos os efeitos, capturada e manietada. 

 

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