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Tem graça: uma peça de Banksy, o adorado grafiteiro por quem se babam, desfez-se em tirinhas logo depois de ter sido licitada por 1,2 milhões de euros num leilão da Sotheby’s em Londres. Quem aprecia o género merece ser aldrabado – e em público, no meio de gargalhadas. A verdade é que as obras de Banksy são o que são: intervenções de rua, ‘grafiti’ em campanhas políticas, aparições de humor, opiniões populares sobre coisas correntes – mas o seu valor em termos de “arte contemporânea” (ou seja: muito valorizado por papalvos, colecionadores e filósofos do género) atingiu um estatuto de primeira linha. Os últimos grandes pintores (Freud, Bacon ou Rêgo, por exemplo) foram ultrapassados pelo linguajar desse material histriónico ou apenas irónico, que os “curadores” bem queriam numa loja de “artes decorativas” dos seus museus, junto de caixas de plástico, pneus reutilizados, bonecos de madeira, sujidades, tudo com propósitos provocatórios contra “o sistema” e a arte tradicional. A suprema ironia de Banksy parece de flibusteiro, claro – mas não é: ele só provou quão ridículo é o sistema.
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