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Em “tempos normais”, esta seria a semana da atribuição do Nobel da Literatura. Por uma série de episódios estapafúrdios relacionados com sexo e maledicência (o normal em literatura), o prémio só voltará a ser atribuído em 2020 – de onde não vem grande mal ao mundo. No meu ceticismo, acho mesmo que dois anos de interrupção é muito pouco para apagar da memória as decisões imbecis do Nobel nas últimas décadas. Tirando os funcionários políticos e comissários da cultura, quem daqui a vinte anos se recordará de Dario Fo (premiado) na altura em que ainda viviam Philip Roth ou Norman Mailer (ignorados)? Quem se recordará de Harry Martinson (quem?) na altura em que ainda viviam Jorge Luis Borges e Vladimir Nabokov? Quem se lembrará de Jelinek quando ainda vivia John Updike? Quem se recordará, já mais longe, do miserável Cholokov quando ainda vivia W.H. Auden? Claro que o território do Nobel é campo minado – o palco da literatura alberga muito fanfarrão que passa por estrela da filarmónica. Claro que faz falta aquela emoção do anúncio do Nobel. Mas podemos ler um livro e esperar dois anos.
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