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Aznavour, as despedidas.

por FJV, em 01.10.18

As minhas canções de Aznavour não são as mais óbvias – e a lista começa por “For Me, formidable”, que é um hino perdido e divertido à própria natureza da arte de Aznavour como compositor, criador de canções, humorista da melancolia. Talvez tenha em segundo lugar outra canção do género, “Mes emmerdes” – em matéria de hinos, toca em todos os capítulos da minha vida. Sim, claro que há ‘La bohème’  e ‘Que c’est triste Venise’, inesquecíveis, mas as canções de segunda linha são sempre mais eficazes, como “J’en deduis que je t’aime”. Neste tempo em que a língua francesa perdeu em todos os campos, as canções de Aznavour mantêm (mesmo com a poeira do tempo, e o inglês, pairando sobre tudo) o seu brilho intenso – e o gosto por uma pronúncia elegante e bem soletrada (os outros eram os de Bécaud e de Regianni). O francês de Aznavour transporta essa nostalgia sem disfarce: é belíssimo de cantar e belíssimo de ouvir (como em ‘Plus bleu que tes yeux”, uma valsa eterna), fala do palco e da rua, apetece dançar e repetir sempre – e sim, fiquei triste, porque sei que Charles Aznavour era único.

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A Master Cooper na vida política.

por FJV, em 01.10.18

A Master Cooper é, como todos sabem, uma frigideira anunciada na televisão; promete milagres. Por aquele preço, evidentemente que se trata de milagres. Parece, no entanto, que a DECO desmontou o anúncio de TV e descobriu aquilo que parecia evidente a um cético que nem precisava de ser cauteloso: trata-se de um anúncio cómico e aldrabão. No entanto, as vendas foram exorbitantes e, mesmo depois de revelado o embuste, há pessoas que continuam a comprar a frigideira vagamente antiaderente, porque gostam de milagres e porque acreditam que as coisas prodigiosas estão ao alcance da mão. Na política é a mesma coisa. Não é que as pessoas gostem de ser enganadas (embora dê essa impressão, tendo em conta a repetição do fenómeno); dá-se apenas o caso de que a realidade não é grande coisa. O que antes era mau no financiamento da investigação científica, por exemplo – agora é desculpável. O que em certas condições era execrável nos serviços públicos – agora é admissível. O que era um abuso no fisco – agora é aceitável. A realidade não mudou. A frigideira é que tem melhor propaganda.

 

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