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Alberto de Lacerda morreu no verão de 2007 (a 26 de agosto). É um poeta singular e, infelizmente, ignorado ou pouco lido entre nós. Nasceu na Ilha de Moçambique em 1928 (passam hoje 90 anos) e veio para Lisboa aos 18 anos. Com David Mourão-Ferreira, Cinatti, Couto Viana e Fernanda Botelho, fundou a Távola Redonda mas, depois disso, viveu pelo mundo fora: primeiro em Londres (trabalhou na BBC) e depois nos EUA (em Austin, no Texas, em Nova Iorque ou em Boston), onde foi um notável professor; e, finalmente, Londres de novo – onde se reuniu a dois velhos amigos dessa geração de prata portuguesa do Índico (Rui Knopfli e Eugénio Lisboa) e acabou por viver mais de 50 anos. Experimentou o drama e as vantagens da extraterritorialidade, cultivando sempre uma ironia ácida, uma melancolia tingida de cinismo, uma poesia apreciada por eleitos. O seu vastíssimo espólio, esse, continua sem encontrar uma casa. Fica a poesia: “A minha intenção/ Se a tivesse/ Era interromper de vez em quando as vossas falas/ E fazer-vos voltar a cabeça silenciosos/ Na única direcção em que os versos existem.”
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