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Desvios.

por FJV, em 06.09.18

Parece que o fundo de solidariedade de Bruxelas destinou às vítimas de Pedrógão cerca de 50 milhões de euros, dos quais o apenas pouco mais de metade seguiu para o seu destino – o Estado avocou o restante. É uma manobra contabilística interessante e com justificação: entregamos isto; reservamos o resto para aplicar em instituições ligadas à vigilância e combate a incêndios. Não parece (e não é) canónico de acordo com as regras europeias. Simplesmente, dadas as trapalhadas envolvidas no que diz respeito a Pedrógão – além da tragédia do ano passado, do sofrimento dos sobreviventes, da dor das famílias, dos traumas que ainda perduram –, tudo deveria ter sido tratado com sensibilidade e com pinças. O que parte das autoridades devem ter pensado é isto, e é desumano: o sofrimento dos que sofreram é coisa do passado – pensemos no futuro. Daí que, no meio da tragédia e das suas sequelas, tenham ocorrido casos de vandalismo moral e de roubo puro e duro. Só assim se explica que existam 21 “casos” comunicados ao Ministério Público. Estes deslizes mostram uma enorme falta de vergonha.

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