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O orçamento do Museu Nacional do Rio de Janeiro (que ontem ardeu, reduzido a escombros) era de 125 mil euros, de que só recebia 60%, pela Universidade Federal. Visitei-o três vezes (está lá parte da memória do país) e passeei no arvoredo, quase romântico, mesmo no centro do Rio. Foi lá, na Quinta da Boa Vista, que viveu a família real portuguesa, e depois o imperador D. Pedro – e ali se redigiu a primeira constituição brasileira. É pouco, 125 mil euros (600 mil reais)? Muito pouco, mesmo para um museu de história natural e antropologia. Logo se ouviram, lá e cá, protestos sobre o pouco que os políticos destinam “à cultura”. O Brasil dá grandes quantidades de dinheiro aos seus depósitos de arte contemporânea, mas tende a desprezar o passado, de que o velho Museu Nacional era exemplo. A dotação recolhida para projetos culturais com a sua lei do mecenato (a Rouanet) serviu para servir milhões de euros a espetáculos pop e “museus” como o dedicado a Lula (8 milhões), documentários partidários e outra tralha. Mas não ao velho museu. O Brasil não se liberta do seu horror ao passado.
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