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Evocar hoje o francês Roger Martin du Gard é mencionar uma velharia – na minha adolescência, era quase obrigatório ler O Drama de João de Barois (1913), o romance-discussão sobre a emancipação do catolicismo, sobre o medo da religião e o aproveitamento político das questões de fé. Não só: também sobre o drama íntimo e intransmissível de um homem que deixa, por escrito, o pedido para que o não deixem regressar à sua fé religiosa. Mas a sua obra mais famosa foi Os Thibault, oito volumes intermináveis, publicados de 1922 a 1940 – um fresco monumental de análise à vida burguesa e familiar da França nas primeiras décadas do século XX e durante a I Guerra (a obsessão da sua vida era o Guerra e Paz, de Tolstoi). Pelo meio, em 1937, Martin du Gard recebeu o Prémio Nobel. Recordo-o porque passam hoje 60 anos sobre a sua morte, em 1958 (nasceu em 1881) e porque é um daqueles escritores (amigo de Albert Camus e de André Gide de quem, em breve, também ninguém se lembrará) que já quase nada significam, e cuja humanidade está tão fora de moda como os seus livros.
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