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V.S. Naipaul (Vidiadhar Surajprasad Naipaul, Trinidad e Tobago, 1932), que morreu anteontem em Londres, esteve há dois anos em Portugal – é o autor de alguns dos livros que mais amo, como A Curva do Rio, Num Estado Livre, Uma Casa para Mr. Biswas ou O Enigma da Chegada. Antes do pós-colonialismo, do ressentimento e da hipocrisia política, V.S. Naipaul escrevia sobre o desenraizamento, as sociedades que se tinham libertado da dominação colonial e sido submetidas por regimes despóticos – os seus personagens solitários, valentes, nostálgicos e discretos são miniaturas magníficas, preciosas. Em Metade da Vida passa por Moçambique quando os portugueses estão prestes a abandonar aquele país: “Nunca admirei tanto os portugueses como naquele momento.” Naipaul foi, como escritor, um repórter minucioso – e um autor desassombrado, sem medo das críticas ‘politicamente corretas’ que desprezavam a literatura que não fosse escrita em nome de “valores superiores.” Essa forma de tirania e de submissão, Naipaul nunca a aceitou. Esta é a despedida a um enorme autor.
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