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Foi preciso esperar que várias gerações tivessem perdido a memória e o sentido do ridículo para que a expressão “Fado, Futebol e Fátima” pudesse ser escutada sem o tradicional esgar de horror. Esse era o retrato, em resumo e com pinceladas fortes, que se fazia do país sob o salazarismo – e que as “novas gerações” que tomaram conta do regime de 1974 (e que são hoje “senadores da República”, expressão medonha) iriam tratar de mudar. Tempos atrás de tempos, no entanto, são o melhor dos mestres em política como na vida em geral. Veja-se o que Madonna explicou aos sociólogos através de uma entrevista à ‘Vogue’ (edição italiana): “Digo sempre que Portugal é governado pelos três ‘F’: Fado, Futebol e Fátima.” Claro que a entrevista foi lida como uma prova de “amor a Portugal” e as autoridades ficaram contentes, sorridentes e disponíveis para encontrar mais lugares de estacionamento para a cantora. Mas eu, que passei décadas a ouvir alguns dos atuais incumbentes políticos a desdenhar de fado, futebol e Fátima, vejo que o país, afinal, está tão catita como antes. Pois muito me contam.
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