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De repente reparo que, dos nove livros que trouxe para férias, seis deles eram exemplares já muito usados e tinham sido lidos várias vezes. Não são apenas romances – a maioria não o é: História, espionagem (John Le Carré), ensaios sobre a Grécia antiga, até economia. E uma antologia de poesia. Coisas em papel. Num deles releio a história do pergaminho e do palimpsesto: devido ao seu preço, quando um livro estava muito usado ou continha “ideias nefastas”, raspava-se a pele e escrevia-se por cima, uma coisa sobre a outra; é isso o palimpsesto, uma coisa sobre a outra – e, um dia, a revelação da mais antiga. Se um monge do século XI não apreciasse Cícero podia copiar para o pergaminho um texto do Evangelho ou a regra da ordem de São Bento, que instituía o “dever de ler”, por exemplo. Hoje, felizmente, não apagamos os livros das férias: os meus sobrepõem-se (e reparo que um deles me acompanha há mais de vinte anos, os cantos dobrados, com areia e sublinhados de épocas diferentes). Hoje é 1 de agosto – se há quem não leve livros para as férias, volte atrás e repesque um. Pelo menos.
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