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Mudar, tem de ser. Conservador como sou, escrevo de outra maneira: recuperar o que, afinal, estava bem. Explico: o mundo descobriu de repente que estava afogado em plástico, o que obriga a tomar medidas drásticas: acabar com as sacolas de plástico (uma bênção!), com talheres e copos plásticos, a lista é vasta. Isto leva-me, como um melancólico carregado de melancolia, a pensar no tempo em que nem tudo era descartável: as toalhas de mesa, que eram de tecido, as garrafas de água ou refrigerante, que eram de vidro, tal como os copos. Os talheres. O saco de pano para ir comprar pão. Os guardanapos com argola individual. A roupa, que não era descartável e tinha de durar de ano para ano. As solas dos sapatos, que se gastavam e se substituíam – e engraxavam-se os sapatos, claro. Parte dos meus leitores recorda esse tempo. Não comíamos em pratos de plástico nem de cartão. Éramos naturalmente anti-desperdício, antes da era da abundância: gente moderadamente antiga e com uma certa ideia da duração das coisas. Há um tempo em que somos forçados a aceitar o puramente razoável.
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