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Quando olhei para o telemóvel, por volta das sete da manhã, era isto: a primeira notícia do dia anunciava a morte de Philip Roth e, com ela, uma certa sensação de catástrofe; acontecera quase o mesmo com Gore Vidal, Mailer, Updike, até com Tom Wolfe. Claro que não era catástrofe, o mundo podia continuar a rodar, porque haverá sempre O Complexo de Portnoy, A Mancha Humana, Pastoral Americana, Casei com um Comunista, O Teatro de Sabbath. Uma genial feminista portuguesa, convenientemente analfabeta, destratou-o como misógino e machista, o que dá bem a ideia de como Roth tinha razão nos seus livros acerca de literatura, do género humano e da obsessão pelo sexo. A Academia Sueca não o considerou para o Nobel – suponho que por ser judeu e ter escrito Operação Shylock (ou O Complexo de Portnoy, quem sabe). Quanto à América, alertou os seus leitores (Conspiração contra a América): devagar, o terror pode instalar-se, basta uma distração. Mas a principal pergunta deixada por Philip Roth, no meio de tantos livros, foi esta: até quando seremos capazes de resistir à morte?
[Da coluna no CM]
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