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Já ninguém se lembrava de que, há quatro anos, a Rússia tinha anexado a Crimeia – a Europa desinteressou-se do assunto –, quando Vladimir Putin, há dois dias, inagurou a ponte que vai de Taman, no sul da Rússia, até Kertch, na Crimeia que já foi ucraniana. Com os problemas de Alcochete nós também nos desinteressámos do assunto; mas não devíamos, porque temos especiais responsabilidades no tema: em 1788, durante a guerra entre a Rússia e o império Otomano, o primeiro oficial do exército russo comandado pelo marechal Potemkin a entrar na praça militar de Ochákiv, de onde se dominava o Mar Negro, chamava-se Gomes Freire de Andrade. Feito coronel mais tarde, Gomes Freire, também recebeu a ordem russa de S. Jorge numa ocasião em que se suspeita que Catarina II o pôde preferir a Potemkin; o seu destino foi de altos e baixos, curvas e contracurvas, general de vários exércitos e países, maçon ao lado dos franceses contra a regência inglesa e o absolutismo – acusado de traição e enforcado em Portugal em 1817. Com o seu sentido de oportunidade, estaria ao lado de Putin na anexação.
[Da coluna no CM]
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