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Dois livros seus, Radical Chic (1970) e The Purple Decades (1980), poderiam enfurecer boa parte da classe jornalística de hoje. Contam histórias, apresentam factos, mostram como o ridículo tomou conta dos combates culturais, raciais e sociais da América antes de serem exportados para o resto do mundo. A elite liberal novaiorquina, os comentadores de esquerda e os meios universitários desconfiavam bastante de Tom Wolfe (1930-2018), mas não puderam fazer nada contra livros como A Fogueira das Vaidades (1987), mistura de sexo, banca, dinheiro, política, jornalismo e confrontos raciais, ou Eu Sou Charlotte Simmons (2004), um retrato impiedoso da universidade, do poder do corpo e do sexo – e um anúncio da morte da alma americana. A sua obra está cheia de ironia; com ela, desacreditou os poderes da sociedade e das elites culturais (“os marxistas rococó”). Com Gay Talese, Mailer ou Joan Didion, marcou o ‘novo jornalismo’; sobre a literatura, disse que ela só se salvaria se os escritores se empenhassem em viver a realidade – e as suas histórias. Era um dos grandes. Morreu como um grande, elegante, rindo.
[Da coluna no CM]
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