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Primeiro, foi o anúncio de um Museu das Descobertas a criar em Lisboa. O nome parece-me apropriado – do século XV em diante, Portugal foi o que foi, entre a aventura e a rapina, a violência e a invenção do mundo; nesse período coube de tudo, e de nem tudo nos orgulharemos. É a vida dos que partem pelo mundo fora. Depois do anúncio, no entanto, historiadores e sociólogos de proveniências diversas (mais de cem, uma amálgama poderosa) contestaram a ideia como juízes cheios de um grande rigor e conhecido puritanismo, próximo da severidade policial. Compreende-se a perspetiva: a palavra ‘descoberta’ está a mais, porque do ponto do vista dos outros continentes, a ‘descoberta’ estava feita. Contra tal evidência, o único caminho é mudar o nome, desdramatizando a coisa e driblando o provincianismo. Museu das Viagens não parece mal: é o que sempre fomos, até do ponto de vista dos outros, em vários continentes – gente em viagem, Oliveira da Figueira, capatazes e descobridores, capazes do melhor e do pior conforme as circunstâncias. Desistir do museu é que seria uma atitude de grande patetice.
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