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Esta é a semana da habitual retórica acerca das “conquistas de Abril” e, sobretudo, da necessidade de “cumprir Abril”. Há também o compreensível ritual de “descer a Avenida”, em Lisboa, que junta os que, hipoteticamente, estão “a favor” de Abril – por oposição aos que não marcham na avenida. Para as pessoas da minha geração, nascidas no início da década de 60, o cerimonial assemelha-se à deposição da coroa de flores no 5 de Outubro e à respetiva romagem, que, apesar de tudo, é mais romântica do que a ideia absurda de que “os ideais de Abril” não estão cumpridos. Para todos os efeitos, estão: democrático, descolonizado, desenvolvido, europeu, o país tem sido obra das nossas escolhas extravagantes e não de ditadores encartados ou de militares a quem já agradecemos por várias vezes. O regime democrático, com avanços e recuos, paródias e tragédias, sobressaltos e longos períodos de estabilidade, tem 44 anos – o que é o pórtico de uma maturidade avançada, sólida e irrequieta, tanto como a da poeira que cobre o Chaimite do bravo e generoso capitão Salgueiro Maia. Entrou na História.
[Da coluna no CM]
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