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O pobre Corpo Expedicionário Português foi destroçado há cem anos, em La Lys (onde o meu bisavô, que ainda conheci, ficou surdo e cego de um olho – mas pôde milagrosamente retirar). Foi um preço demasiado alto e teve consequências demasiado amargas. O preço, pagaram-no todos os que ficaram no campo de batalha ou regressaram estropiados, humilhados e marcados para sempre numa guerra que Niall Ferguson trata em ‘O Horror da Guerra’ (Temas e Debates), um livro aterrador e que recomendo. Ontem, o primeiro-ministro defendeu a tese de que a nossa participação desastrosa na I Guerra foi um momento precursor da entrada na União Europeia – nada mais errado. Os dirigentes da I República, que conheciam as nossas fragilidades militares, as suas deficiências e falta de treino, forçaram cinicamente a entrada na guerra (apesar das reticências aliadas) para verem reconhecido o regime; sabiam que se tratava de um suicídio para o qual foram sucessivamente alertados. A velha República nunca pôde sarar essa ferida. Reescrever a história para a colorir nem sempre é a melhor solução nestas efemérides.
[Da coluna no CM]
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